quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Resenha: A Probabilidade Estatística [...]

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''Na Minha Estante'' Adverte: A resenha a seguir pode conter Spoilers importantes sobre a trama abordada.
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Sinopse:
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Com uma certa atmosfera de Um dia, mas voltado para o público jovem adulto, A probabilidade estatística do amor à primeira vista é uma história romântica, capaz de conquistar fãs de todas as idades. 
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Quem imaginaria que quatro minutos poderiam mudar a vida de alguém? Mas é exatamente o que acontece com Hadley. Presa no aeroporto em Nova York, esperando outro voo depois de perder o seu, ela conhece Oliver. Um britânico fofo, que se senta a seu lado na viagem para Londres. 
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Enquanto conversam sobre tudo, eles provam que o tempo é, sim, muito, muito relativo. Passada em apenas 24 horas, a história de Oliver e Hadley mostra que o amor, diferentemente das bagagens, jamais se extravia.
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O que eu achei?
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Para começo de conversa, eu gostaria de avisar que isto não é bem uma resenha. Como vocês bem sabem, as reviews do Na Minha Estante agora são em formato tripleta. Então, para falar a verdade, isto é mais um desabafo do que outra coisa. E, por isso, acho que uma parte importante do final (pelo menos para algumas pessoas) será revelada, então já quero que fiquem cientes de que - se você ainda não leu o livro - pode encontrar coisas neste texto que não gostaria de saber.
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Apesar da sinopse fofa, com referências à Um Dia e foco no romance, o ponto que considerei principal na história nem é citado nela. E qual seria este ponto? Bom, a relação conturbada de Hadley com o seu pai. A dois anos atrás, seu pai vai para a Inglaterra dar aulas em Oxford durante seis meses. Neste período, ele pede a separação da mãe da protagonista e se muda completamente para a Terra da Rainha. O motivo? Ele conheceu outra mulher, é claro... E agora, ele vai se casar com ela. E quer que Hadley esteja lá.
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No começo do livro, temos uma protagonista machucada. Apesar de ter se passado dois anos, e sua mãe já ter dado a volta por cima, Haydley não consegue perdoar o pai. E, mesmo podendo parecer muito mesquinho, eu concordei totalmente com o ponto de vista dela... Quero dizer, nem tanto pelo fato de não seguir em frente, mas por se sentir preterida pelo pai - pois, querendo ou não, ao deixar a sua família para trás para construir uma nova vida em outro país, foi isto o que ele fez. Ele não se separou apenas de sua antiga esposa... Ele se separou da filha também. É brutal, mas é a realidade. E, querendo ou não, isto deixa marcas profundas em qualquer um.
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Mesmo não querendo ir para o tal casório, Haydley é obrigada a comparecer. Sua mãe acha que, no futuro, ela pode se arrepender da decisão de faltar a cerimônia, então a embarca em um voo noturno com destino a Londres. É neste ponto que temos o lado bonitinho e apaixonante do livro, que todos comentam e blábláblá... Mas eu não vou me ater a ele. O que eu quero falar aqui é sobre Haydley e o seu pai.
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Apesar de ter gostado bastante da narrativa da autora, e ler o livro de uma tacada só, eu achei que Jennifer E. Smith não soube dar verossimilhança para este seu ponto da história. Como vocês já devem imaginar, o grande objetivo do livro é mostrar que Haydley pode ser uma pessoa melhor e pode sim perdoar o ''deslize'' de seu pai - o trazendo de volta para a sua vida, como se nada tivesse acontecido. Como se não houvesse entre eles longos dois anos de afastamento. Esta é uma mensagem realmente bonita, não nego... se não fosse conduzida de uma forma completamente errada e irreal. Como eu disse, Haydley tem marcas profundas pelo o que aconteceu, e forçar a personagem a não só amadurecer, como ''aceitar de coração'' toda a situação (de seu pai estar casando com a ex-amante, só para deixar claro) e no fim, ficar bem com isto e ''abençoar a união'' pois ele está feliz é justamente isto: Forçado.
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Vamos ser bem sinceros e menos hipócritas: isto NUNCA aconteceria na vida real. As marcas deixadas por este tipo de rompimento - e de sofrimento - são grandes e cruéis demais para qualquer um. A história exigia um final real, agridoce, com pessoas machucadas tentando seguir a vida... O casamento deveria servir para a garota amadurecer, ver que o seu pai estava seguindo a sua vida e ela tentar fazer o mesmo. Não o festival de açúcar e mel que a mulher jogou na nossa cara. Até - sei lá - Nicholas Sparks faria um final mais real do que isto.
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A mãe ter superado a coisa toda? Ok. Ela ter se apaixonado por alguém no avião? Ok. Perdoar o pai na noite do casamento dele com a AMANTE, a mulher que separou a família dela, depois de nutrir uma mágoa profunda e real durante anos? OLHA, seria lindo se não fosse um conto de fadas...
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Sei que estou sendo amargo, mas é a realidade.
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A minha revolta com o que o pai dela fez foi grande demais, e eu só estava observando os fatos... Imagina para a Haydley? A autora poderia ter feito ela ver que não precisava sofrer mais por isto, que foi uma escolha do pai, que ela iria seguir com a vida vendo que a mãe estava feliz de verdade e tal... Mas mudar de ideia de uma hora para outra, ainda mais depois das marcas que a situação deixou em todo mundo? Ela poderia simplesmente falar ''vou tentar'', mesmo sabendo que nada mais seria o mesmo. Do jeito que ela colocou, ''Oh, te perdoo, fui uma boba por ter te afastado'' foi no mínimo ridículo. As coisas não são assim.
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Para completar, ainda somos obrigados a ler uma cena onde mãe da Haydley ouve numa boa a filha dizer que achou a nova mulher do pai - sim, a ex amante, a responsável pelo fim de um casamento de anos (não tirando a culpa gigantesca de seu marido, é lógico) - bonita e simpática... Afinal, se já estamos forçando a amizade mesmo, para quê poupar esforços?!
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Sério, a reação que esta história trouxe para mim foi forte demais. Digo novamente, só me colocando no lugar da protagonista. E não tenho vergonha de dizer: chorei de ódio lendo isto... Ela quis simplificar uma situação SUPER complicada, e que todos sabem que NUNCA aconteceria na vida real. Uma coisa seria o pai se separar, para MUITO depois apresentar a nova mulher lá. Outra coisa, é ele deixar bem claro que está se separando DA FAMÍLIA por alguém que conheceu agora, que se sentia preso na vida antiga...  Uma vida do qual você também faz parte. Não tem como encarar uma coisa dessas numa boa. EU me senti ofendido pelas duas.
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Enfim, se a autora tivesse se focado apenas na parte romântica, entre Haydley e o Oliver - ou na relação do rapaz com a família dele - acho que a história teria sido muito mais válida para mim do que realmente foi. Ao tentar dar um final ''grown up'', a autora se perdeu e errou a mão feio - o que acabou ruindo por completo a impressão que eu estava tendo do livro. É um livro ruim? Nunca poderia dizer isto... Mas que, neste ponto, ela deixou MUITO a desejar, isto é um fato. Infelizmente.
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Sobre a autora:
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Jennifer E. Smith é o autor de A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista, The Storm Makers, You Are Here, e The Comeback Season. Ela ganhou um mestrado em escrita criativa na Universidade de St. Andrews, na Escócia, e atualmente trabalha como editora em Nova York. Seu trabalho foi traduzido em 27 idiomas, e seu novo romance para jovens adultos, This is What Happy Looks Like, saiu em abril de 2013.
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TÍTULO: A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista
TÍTULO ORIGINAL: The Statistical Probability of Love at First Sight
PÁGINAS: 224
AUTOR(A): Jennifer E. Smith
EDITORA: Galera
NOTA: 3 estrelas

Um comentário:

  1. $Hm....
    otimo desabafo, caro henri...
    Mas acho que esse ponto que vc citou como sendo o que vc achou forçado seria algo que eu realmente relevaria... Porque sou dessas que acredita no amor e no perdão e que o que passou, passou e vida que segue e vamos olhar pro futuro. E acho mt mimimi essa coisa de filho que nunca supera a separação dos pais (mesmo que tenha traição no meio)... Sei lá, sempre achei isso na vida-real, então nos livros levo a mesma filosofia. Acho que briga dos pais, é dos pais e filho que se magoa com isso... na boa... Não entendo, não consigo aceitar. Acho assim: se a mãe - que foi a mais atingida - aceitou e superou, porque ela não??
    Sei que parece egoismo meu ou sei lá, coisa de gente com pais casados, mas realmente vou precisar de outra vida, pais divorciados e infancia traumática pra entender isso!
    Mas voltando a sua resenha, ops, desabafo. Não sei bem como a autora trabalhou tudo isso porque concordo com o que vc disse sobre ser algo a ser visto... Não do tipo 'ok, conheci o amor e perdoei anos de magoa'... O que digo é que não entendo a magoa mas entendo que se ela existe, não se esvai assim em 24 horas.....
    Acho que entendi sua revolta, mas tb entendi o ponto da autora... Sei lá, fazer as coisas se resolverem de uma hora pra outra não faz sentido, mas acho que de outro modo, poderia sim rolar uma aceitação.
    Sabe, as pessoas mudam o tempo todo, as vezes até de uma hora pra outra.... mas... Errr... Pessoas são imprevisíveis!
    Mas entendo que vc ficou chocado com a virada 180. A situação é realmente complexa e talvez ela não tenha tido o tempo pra trabalhar o assunto como o merecido :/
    Enfim...

    bjbj

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