sábado, 8 de agosto de 2015

Resenha: Brilhantes

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''Na Minha Estante'' Assegura: A resenha a seguir está completamente livre de Spoilers... Leia sem Moderação e divirta-se!
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Sinopse:
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Pessoas com poderes especiais numa trama que envolve conspiração, política e terrorismo. A partir de 1980, um por cento das crianças nascidas no mundo começou a apresentar sinais de inteligência avançada. Essa parcela da população, chamada de “brilhantes”, é vista com muita desconfiança pelo restante da humanidade, que teme a forma como esse dom pode ser usado.

Nick Cooper é um deles, um agente brilhante treinado para identificar e capturar terroristas superdotados. Seu último alvo está entre os mais perigosos que já enfrentou: o responsável pelo maior ataque terrorista dos últimos tempos, na bolsa de Nova York, que pretende começar uma guerra civil. Para capturá-lo, Cooper precisa se infiltrar em seu mundo e ir contra tudo em que acredita.

"Brilhantes", de Marcus Sakey, apresenta um universo ao mesmo tempo perturbador e incrivelmente semelhante ao nosso, onde um dom pode se tornar uma maldição.
 
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O que eu achei?
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Fazem dois dias que terminei "Brilhantes", e precisei de todas as 48 horas para pensar a respeito do livro, e saber o que senti DE VERDADE ao ler o primeiro volume da duologia homônima. Dizer que ele foi o que eu esperava seria uma bela de uma mentira, pois de forma alguma ele foi o que eu esperava. Por ser um livro da Galera, que é um selo voltado ao público Jovem Adulto e Novo Adulto, eu acreditei que o romance era um YA ou NA. Mas ele não é. Na verdade, ele é um livro adulto em toda a sua concepção. Nos temas políticos que a trama traz, na história em si, nos personagens... Não existe confusão ao classificá-lo desta forma. E claro que ele ser um livro adulto não significa que seja um problema - pois não é. Mas isto me pegou de surpresa, pois não era o livro que eu esperava ler no momento em que ele chegou aqui em casa.
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Vejam bem, o que eu esperava - e o que eu tinha interpretado pela sinopse - seria uma aventura sci-fi, mais puxado pelo lado X-Men da coisa, com um protagonista jovem... E não é exatamente desta maneira. A estrutura do livro lembra muito mais um roteiro de filme policial. Tem ação ali, e muitas cenas são frenéticas - mas o desenvolvimento da narrativa não é rápido. Os "Brilhantes", estes gênios super dotados que mudaram a história do mundo a partir dos anos 80, são muito mais pessoas com uma inteligência muito além da média do que mutantes com dons sobre-humanos. E o protagonista, o agente Nick Cooper, é um destes "anormais", pai de dois filhos e separado. Então, sim, isto foi um choque. E, em um primeiro momento, eu precisei me situar com a verdadeira história do livro e mudar completamente as minhas expectativas com relação a ele.
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Mesmo assim, "Brilhantes" me surpreendeu bastante. A história da caçada do governo contra um dos maiores terroristas de todos os tempos - que, "por acaso", é um Brilhante - foi uma forma perfeita que o autor encontrou para abordar assuntos sérios, como a segregação de uma minoria, o próprio terrorismo, jogos políticos e outros temas. Por terem dons além da média de qualquer pessoa "normal", a tensão entre os Brilhantes e a população em geral é gigantesca - e vista na mídia, nas politicagens e no dia a dia. Então, as pessoas comuns se setem "ameaçadas" por estes super gênios, e o "Anormais" se sentem ameaçados pelo medo que as pessoas sentem deles - já que, é óbvio, eles acabam sendo tratados como cidadães de segunda classe. O problema é tão grande que o governo dos EUA acabou criando a DAR, uma agência que investiga possíveis "ameaças" Brilhantes, monitorando e caçando os que se aliam a John Smith (o ativista político que acaba se tornando o inimigo #1 da nação depois de um chocante massacre) e onde Nick Cooper trabalha. Entretanto, nem tudo é tão preto no branco como imaginamos, e com o decorrer dos capítulos, descobrimos que a história é muito mais complexa do que aparenta ser. 
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E esta foi a grande sacada da história: Os paralelos entre o presente alternativo do livro e o nosso próprio presente. A cisão da sociedade em dois lados. As maquinações políticas. Mesmo tendo contribuído 100% de diversas formas com o avanço tecnológico da sociedade, os Brilhantes são vistos como uma pedra no sapato. Pelo surgimento deles, diversos rumos históricos após os anos 80 simplesmente não aconteceram. E, ainda sim, a ameça velada do que significa para a evolução humana o nascimento destas pessoas especiais é uma sombra que corrói tudo, e separa ainda mais as pessoas... O que foi abordado e construído no decorrer do romance de uma forma simplesmente genial.
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Porém, mesmo ficando ligado à história criada por Marcus Sakey, de forma alguma eu posso dizer que ele foi um livro perfeito para mim. Para começar pela sua narrativa. Escrito em Terceira Pessoa, o tom do livro é muito mais engessado como um roteiro - e isto prejudica um pouco a fluidez do texto. Sem falar nos momentos desnecessários no decorrer da história. Afinal, o livro é uma grande caçada humana contra o tempo, e em vários instantes, o autor cisma em colocar uma piadinha fora de contexto ou uma situação irreal demais para qualquer pessoa com o mínimo de consciência (como no fato de, em meio a derrocada de tudo, Nick Cooper arranje tempo para tomar todas em um bar ou de flertar com uma garota enquanto seus filhos correm perigo).
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E, já que falamos de Nick Cooper, vamos deixar as coisas claras: Eu não gostei dele. Eu não me simpatizei com ele. Achei o seu jeito de se excluir da minoria Brilhante, mesmo conseguindo o cargo que conquistou usando o seus dons o tempo todo, extremamente babaca. E achei ele um PÉSSIMO pai. Ok que o fato do Nick não se "sensibilizar" com a causa de seus iguais era uma forma do autor mostrar o crescimento do personagem. Ok que o Marcus Sakey justifica todas as ações do protagonista como uma reação em nome da segurança dos filhos. Mas depois da décima vez que ele repetia estas mesmas frases para acobertar as falhas de seu herói, eu já começava a anular a desculpa. No começo, até comprei esta ideia de um pai que faria de tudo pelas crianças, mas após passarmos metade da história sem ele mencionar ao menos UMA VEZ uma preocupação genuína com os herdeiros, o pouco carisma que ele tinha passado para mim morreu. Se ele fosse um garotão, e os filhos dele na verdade fossem irmãos, acho que não faria a mínima diferença em todo o contexto. Melhor, faria sim: Pois aí sim as ações do agente seriam justificadas e eu poderia aceitar o seus "lapsos" de vínculo com a família. Era como se houvesse um grande muro entre nós. Eu me agarrava às páginas para saber qual seria o próximo passo da história, mas pouco me importava com o nosso herói.
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Mas, mesmo achando o protagonista um babaca metido a engraçadinho, e a narrativa bastante cansativa, não posso reclamar um minuto sequer da trama de "Brilhantes". Ela sim é a grande estrela do livro, e foi por ela que fui até o final. A situação dos Brilhantes naquela sociedade, a manipulação da mídia, e todo o universo criado pelo autor é fascinante, sem sombra de dúvidas. Mas, se ele tivesse mudado o seu protagonista para o garotão que eu sugeri no último parágrafo, tenho certeza de que o livro teria ganhado algumas estrelas a mais na minha avaliação. Yeap.
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Sobre o autor:
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Nascido em Michigan, Marcus Sakey trabalhou como publicitário por dez anos antes de se tornar escritor. Seu trabalho já foi indicado a diversos prêmios, dentre eles o Strand Critics, o Reader's Choice e o ITW Thriller Awards. Também é roteirista e apresentador do Hidden City, um programa de turismo do Travel Channel. Atualmente, vive em Chicago com a esposa e a filha.
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TÍTULO:  Brilhantes
TÍTULO ORIGINAL: Brilliance
SÉRIE: Brilliance Saga
PÁGINAS: 476
AUTOR(A): Marcus Sakey
EDITORA: Galera
NOTA: 3 estrelas

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