quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Resenha: Alucinógeno em Hardcover

''Na Minha Estante'' adverte: A resenha a seguir pode conter Spoilers ocasionais da trama abordada... Não que vá interferir em alguma coisa, mas é só para não falarem que eu não avisei!
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Sinopse:
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Obras-primas de Lewis Carroll, ''Alice No País das Maravilhas'' e ''Através do Espelho'' há mais de um século encantam crianças e adultos. Instigante, divertida, inusitada e profunda, a saga de ''Alice'' é inesgotavelmente interpretada, parodiada, filmada, citada... e, claro, lida.
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O que eu achei?
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Antes de qualquer coisa, eu tenho que falar para vocês que, durante muito tempo, eu deixei ''Alice: Volume Único'' esquecido em minha estante (a verdadeira, não o blog). Confesso que, quando o comprei, agi de uma forma totalmente consumista e compulsiva... Afinal, o livro tinha uma arte gráfica lindíssima e, ainda por cima, estava praticamente de graça - uns 12 reias, se não me engano. Só que, alheio a todas estas vantagens, havia um pequeno porém: Eu não tinha a mínima vontade de ler o volume.
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Olhando agora em um retrospecto, vejo que esta foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado. Até por que, se eu tivesse criado um pouco de ''coragem'' e lido as aventuras de Alice já naquela época, com certeza eu não teria apreciado (muito menos ''aprovado'') a escrita única e enlouquecida de Lewis Carroll.
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Pois, como o próprio título desta resenha indica, ''Alice: Volume Único'' é um entorpecente de alta periculosidade... E, para você conseguir entrar ''no barato'' proporcionado pela leitura, é preciso que esteja em uma vibe literária despida de qualquer parâmetro ou pré-julgamento.
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Graças à Deus, depois da minha decepção insuperável com ''Cidade dos Ossos'' (não, eu não me esqueci), eu meio que me forcei à entrar nesta vibe. Afinal, se eu não tivesse encontrado este estado de espírito, com certeza eu não entederia toda a visão que Lewis Carroll criou para as histórias - e, sem sombra de dúvidas, eu teria achado tanto ''Aventuras de Alice no País das Maravilhas'' quanto ''Através do Espelho e o que Alice encontrou por Lá'' duas grandes bombas de bosta, repleta de cenas malucas e diálogos sem-sentido.
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Mas é aí que está a questão...
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Para quem não sabe (ou ainda não leu), as duas explotações da menina Alice pelas veredas de Além-Mundo são, na verdade, sonhos de tardes modorrentas de verão. E, falando francamente, desde quando ALGUM sonho faz sentido?
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Foi por este motivo que a narrativa de Lewis Carroll me conquistou tanto. Pois, da forma mais despretenciosa (e insana) possível, ele criou uma história indiscutívelmente genial, com personagens enlouquecidamente carismáticos, vivendo em plena harmonia em um universo de fantasia que não tem a mínima vergonha de vestir a camisa do ''Bizarro''.
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PS: A título de curiosidade... Tanto o desenho quanto o filme ''Alice no País das Maravilhas'' contam com passagens/personagens do 1° livro misturados com os do 2°. Um exemplo? O Chapeleiro Maluco e a Lebre de Março aparecem em ''País das Maravilhas''; Já as flores falantes e os gêmeos Tweedledee e Tweedledum são de ''Através do Espelho''.
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O Ponto Alto
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O Jantar oferecido pelas Rainhas Branca & Vermelha, no final de ''Através do Espelho''. Segundo a etiqueta distorcida das duas, se você era apresentado para uma comida - não importa qual seja - durante um banquete, não seria nada educado comê-la depois disto. Então, nem preciso dizer que elas apresentarm Alice para todos os pratos oferecidos, não? Rsrsrs.
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Momento Desnecessário
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Como nem tudo é perfeito... Já dizia o ditado: Um é Pouco, Dois é Bom, mas Três é Demais! Bom, se ainda não entendeu, eu estou falando das cenas de ''Estica e Puxa'' que a Alice passa durante as aventuras no ''País das Maravilhas. As primeiras vezes em que ela diminuia e aumentava de tamanho foram até divertídissimas de se ler. Mas quando chegamos em mais da metade do livro, e isto continua a acontecer, a passagem começa a se tornar chata e massante. Um erro de cálculos, sem dúvidas... Mas nada do que um pedaço do lado certo do cogumelo não resolva.
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Quem me conquistou?
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Sei que vai ser uma resposta HIPER clichê e tal, mas quem me fazia virar página atrás de página durante a leitura com certeza foi a Alice. Com apenas sete anos e meio, e um senso de responsabilidade maior do que muita gente grande que eu conheço, toda vez que ela se sentia frustrada, assustada ou simplesmente encantada com alguma personagem amalucada de suas aventuras, eu sentia o mesmo. Adorava os momentos em que ela refletia sozinha com os seus botões, e - depois de terminar de ler o último parágrafo do volume único - eu fiquei me perguntando se colocaria ou não o nome de ''Alice'' em uma filha minha.
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Quem eu odiei?
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Não tem para ninguém... A Rainha de Copas é imbatível! Tudo bem que parte deste meu desgosto vem da vilã do desenho da Disney (já que no livro ela NEM é uma vilã), mas não teve como. A Rainha de Copas pode não ser má, mas ela é mimada, birrenta e mal-humorada... Além de ser completamente biruta - o que torna todos os outros fatores MIL VEZES³ piores.
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A Capa
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Este, sem dúvida alguma, é um dos volumes mais belos que ocupam a minha estante. Além da capa ser um ''hardcover'', ela ostenta com brilhantismo o belíssimo trabalho original de John Tenniel. Cada detalhe, desde o interior até a formatação e cores utilizadas na cobertura, transbordam todo o cuidado que a equipe da editora Zahar teve com o volume. Por isso acho que dar ''Dez chás da Tarde'' + ''Cinco Julgamentos no Reino de Copas'' + ''Vinte Canções do Cavaleiro Branco'' + ''Quinze Jantares Organizados pelas Rainhas Branca e Vermelha'' ainda é pouco perto do trabalho desta galera.
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Minha Playlist
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Música: Nine In The Afternoon - Artista: Panic! At The Disco
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Nem precisa de muita explicação... Afinal, existe música mais ''Wonderland'' do que ''Nine in The Afternoon''?!
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TÍTULO: Alice - Aventuras de Alice no País das Maravilhas & Através do Espelho e o que Alice Encontrou Por Lá
TÍTULO ORIGINAL: Alice - Alice's Adventures in Wonderland & Through the Looking-Glass and What Alice Found There
AUTOR(A): Lewis Carroll
EDITORA: Zahar
NOTA: 10,0

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